Vereador da base de Mauro admite votos sob pressão e que "jogou para torcida"


Gilson Nasser
Da Redação
Passados cinco dias após a sessão 'histórica' da Câmara de Cuiabá, onde cinco projetos relacionados ao transporte coletivo foram aprovados, o vereador Renival Nascimento (PDT) já demonstrou sinais de arrependimento. A sessão da última quinta-feira foi acompanhada por centenas de manifestantes, em sua maioria estudantes, que chegaram a acampar em frente a Câmara, cobrando melhorias no transporte coletivo.
Entre os projetos aprovados pela Câmara, estão o retorno dos cobradores aos ônibus, a ampliação do passe-livre aos estudantes para outras atividades, o maior tempo para integração do cartão transporte e o benefício do passe-livre aos pós graduandos. "Muitos desses projetos tramitavam a muito tempo na Câmara e votamos todos numa só sessão e sob pressão", afirmou o parlamentar na sessão desta terça-feira.
O parlamentar afinou discurso com o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), e os empresários do transporte coletivo, que sinalizaram que a sanção dos projetos aprovados por unanimidade pela Câmara irá provocar o aumento da tarifa do transporte coletivo de Cuiabá. "Votamos, jogamos a bola para o outro se passar como vilão e queremos sair como o mocinho da história. Temos é que ter responsabilidade e estudar os impactos financeiros que terão estes projetos. Alguém vai ter que pagar a conta", destacou.
Aumento da tarifa
Nesta segunda-feira, o presidente da MTU (Associação Matogrossense dos Transportadores Urbanos), Ricardo Caixeta, afirmou que, caso todos os projetos entrem em vigor na capital, o valor da tarifa passará, dos atuais R$ 2,85, para R$ 3,41. "Alguém sempre paga a conta. Sou a favor, inclusive, do Governo Federal pagar a conta das passagens para idosos. No caso dos estudantes, porém a prefeitura paga 50% e os outros 50% são divididos pelo restante dos passageiros. Quanto mais estudantes, mais caro será a passagem para o usuário comum", disse.
A declaração do empresário foi rebatida de imediato pela maioria dos vereadores. O vereador Onofre Júnior (PSB) declarou que os vereadores tem conhecimento de que a tarifa não tem motivos para ser reajustada. "Como se pode falar em aumento se o transporte não tem qualidade", falou.
O vereador Alan Kardec (PT) recordou que, quando a tarifa foi aumentada no final do ano passado, os salários e benefícios trabalhistas dos cobradores, estavam na planilha de custos das empresas. "A tarifa tem que ser reduzida, ou no mínimo, congelada pelos próximos dois anos", assinalou.
Já o parlamentar Dilemário Alencar (PTB) protocolou na Câmara uma moção de repúdio contra o presidente da MTU. "Não é aceitável falar em reajuste da tarifa do transporte coletivo neste momento", colocou.