A Organização Não Governamental holandesa "Terre des Hommes" criou uma menina virtual de 10 anos para alertar para a magnitude do problema do abuso sexual infantil na internet. Em apenas 10 semanas, Sweetie atraiu à rede 20 mil adultos, dispostos a abusar dela. Mil foram localizados e os seus dados foram entregues à Interpol. Três contactaram Sweetie a partir de Portugal.
Sweetie é uma criança virtual de 10 anos e nacionalidade filipina. A menor foi criada através de técnicas de animação avançadas e captura os movimentos e a voz de uma pessoa real, de maneira a criar uma imagem no ecrã.
A Organização Não Governamental (ONG) holandesa "Terre des Hommes" utilizou Sweetie para atrair pedófilos que abusam de crianças através da internet. Em dez semanas, 20 mil adultos contactaram a menina filipina de 10 anos e, destes, foram localizados mil pedófilos, de 71 nacionalidades, incluindo 3 de Portugal. A ONG entregou os dados à Interpol.
Como a menina não é uma cidadã real, é possível que a polícia internacional não possa agir contra os supostos pedófilos, salienta o jornal espanhol "El País".
foto AFP/TERRE DES HOMMES |
Sweetie, a menina virtual de origem filipina |
No entanto, o principal objetivo da "Terre des Hommes" é provar duas coisas: que o abuso sexual de menores na Internet pode superar com o negócio bilionário da pornografia infantil e que os autores deixam um rasto online. "De acordo com o FBI e a ONU, cada vez que ligamos o computador estão a navegar na internet cerca de 750 mil possíveis predadores sexuais de menores. Eles estão em cibercafés ou no Facebook e pedem a meninos de apenas seis anos que façam coisas terríveis por dinheiro. As Filipinas são um dos países mais afetados, por isso Sweetie aparenta ser desse país", disse Hans Guyt, diretor de campanhas da "Terre des Hommes".
É impossível distinguir a menina virtual de uma de carne e osso. Para os adultos acreditarem que estavam a falar com ela, um dos investigadores da organização holandesa fez-se passar por Sweetie, enquanto outro pesquisava na internet o endereço digital do interlocutor. "Não precisamos de novas leis para impedir este crime. É um problema de enfoque. Até ao momento, houve apenas seis condenações por ciberturismo sexual com menores (Estados Unidos, Áustria, Canadá, Suécia, Reino Unido e Holanda). Quisemos demonstrar que encontrar o criminoso é mais fácil do que parece. Só é preciso mudar o método de investigação e que as autoridades estejam dispostas a isso", defende Hans Guyt.
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