Encontro com deputados Guilherme Maluf e Adirano Silva aconteceu em um hotel de Cuiabá um dia após a operação ser deflagrada pelo Gaeco
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Da Reportagem
Os deputados estaduais Guilherme Maluf (PSDB) e Adriano Silva (PSB), foram flagrados em um encontro com o diretor-geral da Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual (Faespe), Marcelo Geraldo Coutinho Horn, um dia após o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) ter deflagrado a Operação Convescote, que desarticulou uma organização criminosa acusada de desviar milhões em recursos através de “contratos de consultorias fantasmas” com a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL), o Tribunal de Contas do Estado (TCE), Secretaria de Estado de Infraestrutura e diversas prefeituras de Mato Grosso.
O monitoramento do Gaeco conseguiu imagens do encontro entre os parlamentares e Marcelo Horn no Hotel Paiaguás, em Cuiabá, no dia 21 de junho. De acordo com os autos do processo, o diretor da Faesp saiu de manhã de Cáceres (sede da Faespe) e veio para a capital Mato-grossense.
Na manhã do dia 21, Marcelo saiu de casa em sua BMW e foi até o escritório. Pouco depois, um homem em um VW Gol vermelho estacionou em frente ao local e levou um monitor ao escritório.
O encontro ocorreu durante um jantar no Hotel, quando Marcelo Horn
Teria chegado com outras três pessoas.
“Foi possível a identificação visual do professor, advogado e ex-reitor da Unemat, deputado Adriano Silva e do deputado Guilherme Maluf. O outro integrante não foi identificado”, diz trecho do relatório do Gaeco.
Guilherme Maluf era o presidente da Assembleia quando foi assinado o convênio que se contratou a Faespe para realizar consultorias e assessoramento para o Legislativo. O contrato inicial assinado por Maluf, pelo então primeiro-secretário da época, deputado estadual Nininho (PSD) e por Marcelo Horn, era de R$ 20 milhões. Depois, dois aditivos elevaram o contrato para R$ 100 milhões.
O deputado estadual Adriano Silva, que também aparece no encontro foi ex-reitor da Universidade Estadual de Mato Grosso – Unemat, da qual a Faespe é ligada.
Após a operação, a atual Mesa Diretora da Assembleia Legislativa declarou que foram pagos R$ 56 milhões. Após a deflagração da operação, o presidente da AL, deputado Eduardo Botelho (PSB) instaurou uma auditoria no contrato.
DENÚNCIA E AÇÃO – No último dia 13 de julho, a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, recebeu denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE) e instaurou ação penal contra 22 pessoas acusadas de participação de um esquema de desvio de dinheiro público por meio da falsa prestação de serviços. Os crimes atribuídos são de organização criminosa, corrupção ativa e falsidade ideológica.
A ação tem por base as investigações que apontam a suspeita de desvio de dinheiro público por meio de convênios de órgãos públicos com a Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual (Faespe).
Sediada em Cáceres e vinculada à Unemat (Universidade Estadual de Mato Grosso), a Faespe criava empresas fantasmas para simular a prestação de serviços de consultoria técnica à Assembleia Legislativa, ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), Secretaria de Estado de Infraestrutura e várias prefeituras.
Inicialmente, o prejuízo aos cofres públicos atingiria até R$ 3 milhões por conta das fraudes que teriam vigorado no período de 2013 a 2015.
Tornaram-se réus pelo crime de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro em continuidade delitiva: Cláudio Roberto Borges Sassioto, Marcos Moreno Miranda, Luiz Benvenuti Castelo Branco de Oliveira, José Carias da Silva Neto, Karinny Emanuelle Campos Muzzi de Oliveira, João Paulo Silva Queiroz, Jose Antonio Pita Sassioto, Hallan Gonçalves de Freitas, Marcos José da Silva, Jocilene Rodrigues de Assunção, Marcos Antonio de Souza e Elizabeth Aparecida Ugolini.
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=506026