O primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, Guilherme Maluf (PSDB), e o suplente de deputado  e ex-reitor da Unematt, Adriano Silva (PSB), foram flagrados em um encontro com o diretor geral da Faespe (Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual), Marcelo Geraldo Coutinho Horn, na noite do dia 21 de junho de 2016, um dia após a deflagração da 1ª fase da Operação Convescote foi deflagrada.
A operação – que já gerou uma ação penal com 22 réus - investiga suposto desvio superior a R$ 3 milhões de órgão públicos por meio de prestação de serviço fictícia nos convênios firmados entre a Faespe e diversos órgãos públicos nos anos de 2015 e 2017.
O encontro realizado no Hotel Paiaguás, localizado na avenida Historiador Rubens de Mendonça (Av. do CPA), em Cuiabá, foi registrado pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), que seguiu os passos de Marcelo Horn entre os dias 19 e 23 de junho.
Um destes órgãos é a Assembleia Legislativa. Em 2015, o então presidente do Legislativo, Guilherme Maluf e o ex-primeiro-secretário, Ondanir Bortolini (PSD) – “Nininho”, assinaram um convênio com a Unemat, em que contratava os serviços da Faespe.
O convênio firmado em 13 de junho daquele ano também é assinado pelo diretor da fundação, Marcelo Horn. Inicialmente, o contrato tinha prazo de duração de 12 meses, no valor de R$ 20 milhões.
No entanto, o contrato do convênio passou por dois aditivos de prazos e valores.
O 1º Termo Aditivo foi assinado em 9 de abril de 2016, e teve como objetivo a suplementação de valores e a alteração do cronograma de execução físico financeiro do convênio.
A suplementação da primeira etapa foi na ordem de R$ 4,1 milhões.
Fác-simile do contrato entre AL-MT e Faespe
Em 11 de julho de 2016, o convênio passou pelo 2º aditivo. Que alterou o valor do contrato para R$ 100 milhões, que devem ser pagos em quatro etapas.
Com o aditivo, as metas do convênio também foram alteradas, tendo sua vigência alterada para o prazo de 47 meses, contando da data da assinatura da parceria.
De acordo com o atual presidente do Legislativo, Eduardo Botelho (PSB), a Assembleia já desembolsou cerca de R$ 56 milhões. Após a deflagração da operação, Botelho instaurou uma auditoria no contrato.
Monitoramento
O monitoramento realizado pelo Gaeco gerou, no dia 29 de junho, um relatório que foi anexado a ação penal derivada das duas primeiras fases da Operação Convescote (veja abaixo).
No documento, os investigadores relataram a rotina de Marcelo Horn durante quatro dias, em que o diretor foi visto na sede da Faespe em Cáceres e em viagens para a Capital.
No dia 21 de junho, às 11h, Marcelo Horn e sua namorada, Iolanda Zanol, foram até a sede do Gaeco, quando o diretor prestou esclarecimentos quanto a operação.
Por volta das 18h30min., segundo o Gaeco, Marcelo Horn foi visto em um encontro no Hotel Paiaguás, com outras três pessoas.
“Onde foi possível a identificação visual do professor, advogado e ex-diretor da Unemat, deputado Adriano Silva e deputado Guilherme Maluf, o outro integrante não foi identificado”, diz trecho do relatório.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com o deputado Guilheme Maluf. No entanto, ele não atendeu nossas ligações.
O deputado Adriano Silva também foi procurado, mas as ligações caíram direto na caixa de mensagens. A sua assessoria afirmou que o parlamentar é amigo de Marcelo Horn e que o encontro foi para tratar de assuntos institucionais.
A defesa de Marcelo Horn não foi encontrada.
A denúncia
No dia 13 de julho a juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, aceitou a denúncia referente a Operação Convescote. No total, 22 pessoas passam a responder pelo suposto desvio superior a R$ 3 milhões.
Foram denunciados por crime de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro em continuidade delitiva: Claúdio Roberto Borges Sassioto, Marcos Moreno Miranda, Luiz Benvenuti Castelo Branco de Oliveira, José Carias da Silva Neto, Karinny Emanuelle Campos Muzzi de Oliveira, João Paulo Silva Queiroz ,Jose Antonio Pita Sassioto ,Hallan Gonçalves de Freitas, Marcos José da Silva, Jocilene Rodrigues de Assunção, além de Marcos Antonio de Souza e Elizabeth Aparecida Ugolini, 
Já Marcos José da Silva e Jocilene Rodrigues de Assunção além de responderem por todos os crimes acima, foram apontados no curso das investigações como os líderes da organização criminosa e também denunciados por falsidade ideológica. Eder Gomes de Moura, por sua vez, responderá por corrupção ativa. 
Foram denunciados pelo crime de falsidade ideológica em continuidade delitiva: Lázaro Romualdo Gonçalves de Amorim, Alison Luis Bernardi,Nerci Adriano Denardi, Márcio José da Silva, Tschales Franciel Tschá, Drieli Azeredo Ribas, Marcelo Catalano Correa, Sued Luz e Odenil Rodrigues de Almeida. 
Na primeira fase, deflagrada no dia 20 de junho, o Gaeco apontou que o esquema envolvendo a Faespe teria desviado valor superior a R$ 3 milhões de órgãos públicos, como a Assembleia Legislativa e Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT).
De acordo com o Gaeco, o esquema funcionava da seguinte maneira: instituições públicas firmavam convênios com a Faespe para prestação de serviços de apoio administrativo. A Fundação, por sua vez, contratava empresas de fachadas para terceirização de tais serviços. Ao final, os recursos obtidos eram divididos entre os envolvidos, sendo que o responsável pela empresa normalmente ficava com uma pequena porcentagem do montante recebido e o restante era dividido entre funcionários da fundação e servidores do TCE.
Na 1ª fase tiveram a prisão preventiva decretada: Claudio Roberto Borges Sassioto, Marcos Moreno Miranda, Luiz Benvenuti Castelo Branco de Oliveira, Jose Carias da Silva Neto Neto, Karinny Emanuelle Campos Muzzi de Oliveira, João Paulo Silva Queiroz, José Antônio Pita Sassioto, Hallan Goncalves de Freitas, Marcos Jose da Silva, Jocilene Rodrigues de Assunção e Eder Gomes de Moura.
Na 2ª fase, deflagrada no dia 30, o Gaeco cumpriu 14 mandados de condução cercitiva e busca e apreenssão contra servidores da Assembleia Legislativa, TCE-MT, Faespe e Banco Sicoob.
Continuam presos Cláudio Roberto Borges Sassioto, José Carias da Silva Neto, José Antônio Pita Sassioto, Hallan Gonçalves de Freitas, Marcos José da Silva e Eder Gomes de Moura.
Fonte>: http://circuitomt.com.br/editorias/juridico/114557-diretor-da-faespe-e-flagrado-em-reuniao-com-dois-deputados-no-dia-da-operacao.html