Proibição das “pulseiras do sexo” e a triste realidade de casos de pedofilia em MT

O Conselho Tutelar registro cerca de 1000 casos de violência contra crianças e adolescentes, e 60 novos casos de pedofilia foram registrados nas duas maiores cidades do estado


As coloridas pulseiras de silicone, agora promovidas a “pulseiras do sexo” geraram entre os adolescentes e os pais destes, o maior burburinho desde que começaram a aparecer artigos que as associam a mensagens de caráter sexual.


Usando uma pulseira de determinada cor, os adolescentes através dum jogo (o Snap), indica até onde quer ir aos carinhos ou mesmo na atividade sexual. Já em algumas regiões, o jovem que tiver usando uma das pulseiras, e tiver uma delas arrebentada por outra pessoa deve fazer o que a cor determina.

Em alguns estados tanto o uso, quanto a venda das pulseiras está proibida por lei, sendo comprovada a venda por parte dos comerciantes, os mesmos podem sofrer penalidades que vão desde pequenas multas salariais, até mesmo a prisão de alguns dias, dependendo da denúncia.

Em visitas feitas a algumas escolas do município de Lucas do Rio Verde, ficou constado que o uso das pulseiras por parte dos jovens é comum, e quando alguns são questionados se sabem o verdadeiro significado das tais pulseiras, espantosamente respondem que sabem sim, e estão as usando por tal motivo. Já quando perguntados sobre a idade, cerca de 80% tem entre 13 á 15 anos, ou seja, jovens que em uma grande maioria tem orientação das escolas e dos pais, mas que mesmo assim teimam em participar da “brincadeira”, taxada assim por muitos.

Proibição

O projeto de autoria vereador Toninho do Gloria, líder da bancada do (PV), foi aprovado por unanimidade e proíbe o uso das pulseiras coloridas nas escolas das redes municipal, estadual e particulares como também a comercialização destes acessórios na cidade. A matéria prevê ainda a realização de reuniões com os pais e professores das respectivas escolas para esclarecimento da medida e orientação sobre o tema. Além da simples proibição do uso, fica proibida a venda no comércio formal e informal da cidade.

O uso do acessório que é barato e fácil de ser encontrado em lojas e camelôs, virou mania entre a garotada. As pulseiras, além de incremntar o visual das jovens, fariam parte de uma "brincadeira" com conotação sexual. As "regras" circulam na internet em vários sites que explicam como funciona o jogo: uma menina coloca diversas pulseiras de silicone coloridas no braço e um jovem tenta arrebentar um dos adereços. Cada cor representa um algo, de um abraço ao sexo, e dependendo da pulseira arrebentada, a menina terá que pagar a “prenda”.

Crimes relacionados

Em Londrina, de acordo com relatos da mãe da vítima, a jovem teria sido abordada por quatro jovens na saida da escola, às 12h do dia 15 de março, que arrancaram as pulseiras que a adolescente utilizava em seu braço e pela cor do adereço, ela teria que pagar uma prenda aos jovens. E a menina foi levada à casa de um dos rapazes onde ocorreu o estupro. Em Manaus, o assassinato de duas adolescentes também podem ter relação com as pulseiras. A polícia investiga se as mortes estão ligados ao uso dos adereços.

O registro de casos de abusos de crianças e adolescentes nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande aumentam gradativamente. Somente nos dois primeiros meses de 2010, 60 novos casos de pedofilia foram registrados nas duas maiores cidades do Estado. O Conselho Tutelar registro cerca de 1000 casos de violência contra crianças e adolescentes.

O número já se aproxima do total registrado em todo o ano de 2009. Nos doze meses do ano passado, 79 casos estarrecedores de abuso de menores de 14 anos foram registrados. Em comparação com 2008, quando foram registrados apenas 19 casos, o crescimento superou 300%.

Cada registro é um verdadeiro “caso de terror” relatado pelas vítimas deste tipo de abuso. Em mais de 80% dos registros, as atrocidades são cometidas por pessoas próximas as vítimas, como parentes ou vizinhos.

“Era de manhã quando brincava pela casa, subi no primeiro andar, meu irmão (nove anos mais velho) estava deitado na cama, me chamou e pediu para que eu espremesse espinhas que ele tinha nas costas. Ele estava de short e sem camisa. Espremi duas ou três espinhas meio sem jeito e ele me pediu para fazer o mesmo em mim. Disse-lhe que não tinha nenhuma e ele me pediu para ver, insistindo. Eu permiti. Percebi que rapidamente ele desceu a mão e alisou por entre as minhas pernas. Eu me assustei e corri, enquanto ele dizia: ‘Peraí, peraí, vem cá!’. Desci os degraus mais que depressa e quando cheguei embaixo, minha irmã (seis anos mais velha) estava entrando em casa. Eu resolvi que ia contar tudo a ela. Não consegui, as pernas tremeram, esbarrei em minha timidez, fiquei com medo de que achasse que eu o tinha provocado. Tive medo! Foi aí que começou meu inferno que dura até hoje", relatou uma das vítimas em denúncia.

A ONG MT Contra a Pedofilia explica que os casos de abusos sexual contra criança e adolescente deve ser muito maior do que os registros. Segundo a direção da ONG entre 5% e 10% dos abusos são denunciados as autoridades policiais.

Em Mato Grosso a movimento “MT Contra a Pedofilia” atua como um braço da CPI da Pedofilia no Senado Federal. Segundo a direção da ONG, existem muitos tabus a serem quebrados para a conscientização das crianças para denunciar o abuso sofrido, como a implantação da disciplina de educação sexual nas escolas. “Só assim nossas crianças estarão preparadas para quando forem abordadas por pedófilos”, diz o coordenador do ONG, vereador de Várzea Grande, Toninho do Glória (PV).

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