Mato Grosso terá banco de dados contra a pedofilia


Um dos crimes que mais preocupam a sociedade é a pedofilia. Por dois motivos: envolve crianças e uma gama enorme de criminosos - muitos deles com situação financeira definida e grande disposição financeira para se defender das acusações. Para piorar, a pedofilia funciona em redes. De tão organizada, nem parece criminosa, mas uma empresa com hierarquias, logísticas e sistemas de pontos: vence quem exerce seu poder com as crianças mais jovens. Além disso, a pedofilia está inserida numa tradição quase milenar de exploração infantil, que era "natural" para muitos antepassados.

Plano de Ação MT Contra a Pedofilia “coordenada pela ONG com o mesmo nome, irá formular metas para a implantação de medidas de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes em todo o estado de Mato Grosso”.

A “ONG MT Contra a Pedofilia” presidida pelo vereador Várzea-grandense Toninho do Gloria, informou à imprensa que a ong vai enviar ofício a todas as delegacias de Polícia Civil do Estado, a todos os Conselhos Tutelares de Menores em Mato Grosso, ao Ministério Público e a todos os órgãos municipais e estaduais que atendem casos de agressão a crianças e adolescentes que enviem relatório de todas as ocorrências registradas em todas as modalidades. O objetivo, explicou o presidente da ONG MT Contra a Pedofilia Toninho do Gloria, é a formação de um “banco de dados” estadual sobre a violência praticada em MT contra esse público – especialmente a sexual.

As violências contra as crianças e adolescentes incluem também agressões físicas, negligência e abandono, mas nenhum órgão em Mato Grosso sabe oficialmente quais são os índices porque há desinformação, números contráditórios e acúmulo de casos não resolvidos – ou mal resolvidos – por inexistência de número de profissionais especializados, acúmulo de processos, lentidão dos ritos processuais, “falta de continuidade” dos processos por “esquecimento” da própria opinião pública, como disse um promotor público presente.

O representante do Ministério Público advertiu que a apuração dos casos de agressões e abusos contra criança quando não é, “às vezes a continuidade da agressão” (quando a autoridade pergunta, por exemplo, se a vítima “gostou” ou por que demorou a fazer a denúncia) , “é uma série de ritos processuais demorados” – e que o “tratamento inadequado à criança violentada poderá transformá-lo num futuro violentador.”

O promotor de Justiça Marcos Tessila, do Centro de Apoio da Infância e da Juventude, disse que a questão da pedofilia e maus tratos a crianças e jovens somente será resolvido quando houve sinergia (ação integrada) e comando único dos setores por eles responsáveis das secretarias de Assistência Social (a Faser), Educação, Segurança Pública (incluindo a Polícia Militar). Saúde e Justiça.

Toninho do Gloria informou que o objetivo é unificar as informações de todos os municípios e coibir a ação de criminosos que cometem abusos sexuais contra crianças em adolescentes.

Dados apontam que 80% dos casos ocorrem entre crianças de 2 a 10 anos de idade. No Brasil, a cada oito minutos uma criança é abusada. Em 2008, foram registrados 32.588 denúncias. Em Cuiabá e Várzea Grande, dados da Delegacia de Defesa da Criança e do Adolescente (Dedica) mostram que em 2008 foram 734 ocorrências de crimes contra menores de 18 anos. Já no primeiro semestre de 2009, este número subiu para 907, dos quais, em média, 40% das ocorrências dizem respeito a crimes de abusos e exploração sexual contra o menor.

O que a ONG MT Contra a Pedofilia irá fazer é uma resposta a essa onda de crimes praticados por pedófilos, que não é uma realidade apenas do nosso estado. E temos aí o trabalho que já é feito pela nossa polícia que pode servir de modelo", explica Toninho do Gloria.

"Temos que aproveitar o calor de toda essa discussão em torno da pedofilia e continuar criando novas regras para combatê-la", disse Toninho do Gloria.

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