Thiago Bergamasco/MidiaNews
Clique para ampliar


Cientista político, Alfredo da Mota Menezes diz que o voto nulo não tem utilidade nenhuma
HELSON FRANÇA
DA REDAÇÃO
Nem Lúdio Cabral (PT), nem Mauro Mendes (PSB), nem Procurador Mauro (PSOL), nem Guilherme Maluf (PSDB), nem Carlos Brito (PSD), nem Adolfo Grassi (PPL).
Para uma pequena parcela do eleitorado cuiabano, que não se sente representada por qualquer postulante e não concorda com o atual processo eleitoral, a ida às urnas neste domingo (7) será para anular o voto.
Não possuindo efeitos práticos capazes de se alterar os rumos de uma eleição – ao contrário do que muita gente pensa –, o voto nulo ainda divide muitas opiniões.
Os defensores acreditam que anular seja, talvez, a forma mais adequada de demonstrar insatisfação com o cenário político. Os contrários, por sua vez, enxergam o voto nulo como alternativa de quem quer apenas ficar a margem do processo eleitoral.
A assessora de imprensa e jornalista Luana Soutos, 27 anos, faz parte do grupo de 1,6% (a média das duas últimas eleições) dos 397 mil eleitores de Cuiabá que optarão, neste pleito, em anular o voto.
Para ela, ainda que o voto nulo não tenha poder para se impugnar nenhuma eleição, ele é significante, pois evidencia que uma parte da população não concorda com a forma de como os futuros representantes são apresentados e escolhidos.
“Os projetos dos partidos são, na grande maioria, iguais, com uma pequena mudança ali ou acolá, mas nada que os diferencie de fato. E eu não quero nenhum deles”, afirmou.
Luana acredita que a política é algo que vai muito além de simplesmente votar, pois implica num maior engajamento da população – indo para as ruas protestar, por exemplo – para com as decisões tomadas por aqueles que estão no poder.
“Eu voto nulo porque tenho a intenção de demonstrar que não quero legitimar esse processo, que, para mim, ele não está legal, não me representa”.
O engenheiro civil Carlos Eduardo Gomes, 29 anos, é outro que anulará o voto no domingo.
Segundo ele, o atual modelo privilegia os partidos que detém o maior poder econômico, o que, por si só, deixa a disputa desigual.
Para Carlos, “enquanto não houver financiamento público de campanha e não surgir um candidato realmente afastado da velha oligarquia política e com propostas realmente exequíveis, o voto será nulo”.
Alternativa inócuaNa avaliação do analista político e historiador Alfredo da Mota Menezes, o voto nulo não tem utilidade alguma, muito menos como protesto.
“É uma alternativa inócua, sem efeito nenhum. É muito mais válido que se vote em determinado candidato, sem se preocupar com o fato de ele estar na frente ou não das pesquisas, do que anular o voto”, disse.
Ele considerou o voto nulo como uma fuga. “Quem opta por anular o voto está se excluindo do processo eleitoral, o que, definitivamente, não é bom”, afirmou.
Menezes acredita que quem protesta faz parte dos 17% que se abstém de votar. "Sair de casa para votar nulo é perda de tempo", justificou.
O cientista político João Edisom partilha de opinião semelhante. De acordo com ele o voto nulo representa uma alternativa perdida dentro do processo eleitoral, por não possuir, de fato, nenhum efeito prático.
“Mesmo que percentual de voto nulo seja superior ao do candidato mais bem votado, prevalecerá o candidato, pois, o que é levado em conta são os votos válidos. O voto nulo é muito mais uma forma da pessoa, ainda que equivocadamente, mostrar o seu descontentamento”, observou.
O voto é considerado nulo quando o eleitor digita na urna urn número inexistente (que não seja de nenhum candidato) e confirma.