PEDOFILIA MT: Marcha das Vadias reúne 500 pessoas em Campinas


Mexeu com uma! Mexeu com todas! Esse foi o lema da Marcha das Vadias em Campinas, que reuniu aproximadamente 500 pessoas, concentradas em frente à Catedral Metropolitana no sábado (24/09), para protestar contra a violência à mulher e o machismo. De lá, a Marcha seguiu rumo a Estação Cultura, passando pela rua 13 de maio, uma das mais movimentadas ruas de comércio da cidade.


Edna Madalozzo
 Marcha das vadias
 Manifestantes relatam histórias verídicas de mulheres estupradas.
 
No estado de São Paulo, nos cinco primeiros meses deste ano, foram registrados 4.440 casos de estupro. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, o "Dossiê Mulher" apresenta dados alarmantes, 23,2% das vítimas da violência sexual são crianças de 0 a 9 anos e outros 30,3% que se encontram na faixa etária entre 10 e 14 anos.

Entre expressões de espanto, curiosidade e admiração, a população foi chamada à atenção para a gravidade do número crescente de casos de estupros e para a reivindicação das mulheres ao direito de decidirem pelo seu próprio corpo. “Antes de entrar não bata, peça!” foi uma das frases estampadas nos diversos cartazes pintados na hora pelas manifestantes. 

Uma série de performances artísticas emocionou quem participou da Marcha e quem por ali passava. Em uma delas, as manifestantes narravam histórias verídicas de mulheres e meninas que morreram violentadas sexualmente. A apresentação se encerrou com o relato do caso de Maria da Penha, que inspirou a Lei que endurece a pena por agressão sexista. Maria da Penha vive em uma cadeira de rodas devido aos espancamentos que sofreu de seu então marido. “Somos todas vadias, somos todas Marias”.

“O movimento é positivo porque causa impacto e força as pessoas a pensarem sobre o assunto e verem que ‘Vadia’ é o nome que o estuprador dá a sua vítima”, destaca Lourdes Andrade Simões, representante da Marcha Mundial das Mulheres. “Só estou sentido a falta das mulheres da periferia aqui, das mulheres negras, afinal são elas que mais sofrem estupros e que não são manchetes de jornal”, observou o fotógrafo Luiz Roberto Lima. 

O movimento conseguiu chamar a atenção e polemizar em prol ao direito das mulheres de se vestirem, andarem e agirem como bem entenderem. “Esta é também uma luta de classe: é a mulher trabalhadora sendo tratada como objeto, para atender as necessidades de uma sociedade machista e consumista”, acrescenta Aline Rodrigues, professora e integrante do diretório municipal do PCdoB em Campinas.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, foram registrados 122 estupros na Região Metropolitana de Campinas no primeiro semestre deste ano. Estima-se, porém, que 10% a 15% mulheres não denunciam por insegurança, vergonha ou medo.

“A sensibilização pelo impacto é muito importante, eu mesma me emocionei, mas faltam campanhas permanentes contra a violência sexista e mais políticas públicas. Só a Lei Maria da Penha não tem dado conta do crescente número de mulheres violentadas, opina Zilda Farias, trabalhadora da Unicamp e militante do PCdoB.

De Campinas,
Edna Madalozzo

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