Gisa Barros se destaca na Câmara com postura firme, independente e em defesa da população

Vereadora mantém coerência, fiscaliza o Executivo e se posiciona contra o inchaço da máquina pública

João Batista destaca atuação de Daniel Monteiro: “O vereador mais técnico e atuante de Mato Grosso”

vereador Daniel Monteiro, que vem se destacando por uma postura independente, técnica e coerente, especialmente nas discussões sobre políticas públicas e responsabilidade fiscal.

Ativista João Batista exalta Antonio Joaquim como patrimônio da educação em MT: “Referência ética, técnica e humana”

Professor e defensor dos direitos da infância destaca atuação exemplar do conselheiro do TCE-MT, que articula investimento histórico de R$ 120 milhões em creches no estado

Foram 56 votos a favor da cassação 19 contra e 05 abstenções. Esse foi o resultado que cassou o mandato do Senador Demóstenes Torres, ex-DEM.


Demóstenes Torres é cassado e fica inelegível até 2027

Senador goiano perdeu mandato por suas relações com Carlinhos Cachoeira


O Senado aprovou, na tarde desta quarta-feira (11), por 56 votos a 19, a cassação do mandato de Demóstenes Torres (sem partido-GO) por quebra de decoro parlamentar. Houve ainda cinco abstenções. Dos 81 senadores, apenas um estava ausente na sessão.

Com o mandato cassado, o parlamentar ficará inelegível até 2027. Segundo a lei, ele não pode concorrer a um cargo público por até oito anos após o fim do seu mandato, que acaba em 2019.

Esta é a segunda cassação na história do Senado. Em 2000, o Luiz Estevão foi cassado por 52 votos a 18. Ele era acusado de participar de um desvio de R$ 169 milhões nas obras do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo.

Demóstenes foi acusado de quebra de decoro por ter trabalhado em prol do bicheiro Carlinhos Cachoeira no Congresso Nacional. Ele é suspeito de participar de um suposto esquema de exploração de jogos ilegais, como o jogo do bicho e máquinas caça-níqueis, que seria comandado pelo contraventor no Distrito Federal e em Goiás. A quadrilha foi desmontada pela Polícia Federal na operação Monte Carlo, e Cachoeira está preso desde fevereiro. 

Gravações feitas pela PF com o aval da Justiça revelaram a ligação entre o senador e o bicheiro e apontaram, inclusive, que Demóstenes recebia dinheiro de Cachoeira e atuava em favor de seus interesses no Senado. 

O senador sempre negou as acusações. Disse que era amigo de Cachoeira e afirmou que, até a prisão do bicheiro, não sabia dos crimes que ele cometia. 

Fonte: R7

Demóstenes Torres Suplente de Demóstenes Torres omitiu bens ao TSE Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/suplente-de-demostenes-torres-omitiu-bens-ao-tse-5442860#ixzz20Kp3UYvf © 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

BRASÍLIA - Com chances de assumir o mandato de senador, caso o plenário do Senado confirme nesta quarta-feira a cassação de Demóstenes Torres (sem partido-GO), o primeiro suplente Wilder Pedro de Morais (DEM-GO) omitiu boa parte de seus bens na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Wilder é um dos empresários mais ricos de Goiás e foi o segundo maior doador da campanha de Demóstenes em 2010, com R$ 700 mil repassados oficialmente por meio de duas de suas empreiteiras.
Registros da Junta Comercial de Goiás mostram que Wilder é sócio-proprietário de 24 empresas. Na declaração de bens ao TSE – o patrimônio declarado é de R$ 14,4 milhões – são listadas 15 empresas.
Informações da Receita Federal apontam que pelo menos oito empreendimentos ausentes da declaração de patrimônio foram constituídos antes das eleições de 2010 e, portanto, deveriam ter sido informados ao TSE. É o caso de dois shopping centers: o Bouganville (Nove Administração e Participações), em Goiânia, e o Brasil Park (Brasil Park Participação e Investimentos), em Anápolis. Wilder aparece como o empreiteiro responsável pelos centros de compra desde as respectivas inaugurações, em 2006 e 2007. Nem os nomes das duas empresas nem o CNPJ delas aparecem na declaração ao TSE, mas apenas a Orca Construtora, que fez parte dos investimentos nos shopping centers.
Também ficaram fora da prestação de contas de Wilder Morais três empresas de prestação de serviços funerários, duas delas constituídas antes de 2010 (uma em 2004 e outra em 1995). Neste ano, o primeiro suplente passou a ser sócio de um cemitério em Goiânia. Wilder é dono ainda de empresas do ramo agropecuário, de fabricação de estruturas metálicas, loteamento, incorporação de imóveis, estacionamento e consultoria em gestão empresarial, boa parte delas ausente da declaração apresentada ao TSE.
O patrimônio do primeiro suplente de Demóstenes é incalculável. Desde a deflagração da Operação Monte Carlo, o nome de Wilder é citado nas investigações. A mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, foi casada com o suplente, com quem teve dois filhos. Andressa deixou Wilder para ficar com Cachoeira, conforme declaração de Demóstenes no início da crise política. A mulher do bicheiro é dona de uma loja de lingerie no Shopping Bouganville. Foi, segundo ela, um presente de Wilder, o dono do shopping.
Conversas telefônicas usadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Monte Carlo mostram que Cachoeira atuou para que Wilder fosse o suplente de Demóstenes. O empresário é secretário de Infraestrutura no governo de Marconi Perillo (PSDB) em Goiás e, conforme as escutas, discutiu com o tucano assuntos tratados anteriormente com o bicheiro. A reportagem de O GLOBO tentou ouvir o suplente mas, segundo sua assessoria, ele está de férias, em viagem com os filhos. A assessoria disse que Wilder tem intenção de assumir o mandato de senador, caso se confirme a cassação de Demóstenes.
— O fato de sonegar uma informação sobre o patrimônio é passível de questionamento e sanção, mas isso deve ser feito até 15 dias depois da diplomação. Se não foi feito, só há possibilidade de responsabilidade penal — disse o advogado Erick Pereira, especializado em Direito Eleitoral. Assim como o titular, os suplentes de senador – que não são votados – têm a obrigação de declarar o patrimônio à Justiça Eleitoral. O segundo suplente de Demóstenes, o produtor rural José Eduardo Fleury (DEM-GO), declarou um patrimônio de R$ 1,4 mi ao TSE. O principal bem é uma fazenda de 810 hectares em Quirinópolis (GO).


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Senadores desistiram de discursos e aceleraram queda de Demóstenes

Presidente da Casa, José Sarney, orientou pela brevidade da sessão, que culminou com a perda do mandato do parlamentar

Laryssa Borges
Senador Demóstenes Torres na votação da cassação do seu mandato
Senador Demóstenes Torres na votação da cassação do seu mandato - Cadu Gomes/Reuters
Originalmente, quinze senadores haviam se inscrito nesta quarta-feira para ocupar a tribuna do Senado durante a sessão que cassou Demóstenes Torres (sem partido-GO). Entretanto, na hora de discursar contra aquele que, até pouco tempo, era apontado como o maior representante da “bancada da ética”, apenas cinco parlamentares – além dos relatores do processo, e do representante do PSOL, partido autor da representação contra o político goiano – se animaram a falar sobre as promíscuas relações de Demóstenes com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Ninguém se arriscou a defender publicamente a atuação do parlamentar.
A orientação para a brevidade da sessão plenária, cujo resultado pela cassação era esperado pela ampla maioria dos congressistas, foi dada pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). O próprio Sarney considera inevitável a perda do mandato de Demóstenes.
O primeiro a ocupar a tribuna foi o senador Mário Couto (PSDB-PA), parlamentar que já foi apontado por opositores como porta-voz dos bicheiros do Pará. O político, que nas sessões da CPI do Cachoeira chegou a se exaltar com alguns depoentes, disse que o criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, tem a tarefa de “defender o indefensável”.
“É impossível defender o indefensável, mesmo contando com um grande advogado”, afirmou. “Os fatos são comprovados, é impossível defendê-los. Talvez hoje essa casa mostre ao país um pouco de moralidade, o que falta muito a todos nós. Estamos diante de um fato que nos dá um pouco de moralidade. Esta casa infelizmente está desmoralizada. Eu vou votar hoje por uma parcela mínima da moralidade nesse poder”.
Senadora de primeiro mandato, Ana Amélia Lemos (PP-RS) disse que a sessão plenária que confirmará o destino político de Demóstenes Torres é “histórica, dolorosa e constrangedora” e ressaltou que o processo de cassação a que o parlamentar responde é resultado de um julgamento político. “Esse processo não é um libelo acusatório, mas um julgamento político, como política é essa casa”, declarou. “Esse julgamento tem natureza política, onde pesam nossas convicções e os valores inerentes à necessidade de valorizar e defender o parlamento como instituição necessária à democracia”.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), por sua vez, recorreu, sem sucesso, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que pudesse declarar publicamente seu voto no processo de cassação contra Demóstenes. Ele afirmou se sentir traído por descobrir as espúrias relações entre o parlamentar e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. “Senti o peso da traição, me vi ludibriado e enganado”, resumiu Ferraço. “É claro que devemos perdoar o pecador, mas o pecado não. E o pecado aqui é a quebra do decoro parlamentar. Trata-se da reputação do Senado, uma instituição que tem suas contradições, mas que está acima de todos nós”.
Afirmando que a aura ética de Demóstenes, agora demonstrada como falsa, “engambelou a todos nós”, o senador João Capiberibe (PSB-AP) declarou em seu discurso que o Senado, se confirmar a cassação do político goiano, acabará com a associação entre imunidade e impunidade. Para Capiberibe, não é factível o argumento de Demóstenes Torres de que ele não sabia das atividades ilegais de Cachoeira.
“É impossível na política sermos ingênuos e não consigo assimilar que um político conviva tanto tempo com uma pessoa sem saber o que ela faz na verdade”, disse. “Espero que o Senado contribua para acabar com a rima entre a impunidade e imunidade”.
Presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) foi o último senador a ocupar a tribuna antes de a defesa começar seu pronunciamento. Aos parlamentares, afirmou que o processo de cassação foi conduzido dentro da legalidade e que não houve qualquer tipo de perseguição. “Não houve preconceito, discriminação, perseguição, diferenciação de métodos”, salientou. “Todos os trâmites legais foram rigorosamente obedecidos e observados”.
O plenário do Senado iniciou a sessão de cassação contra Demóstenes pouco depois das 10h, com 80 senadores presentes. O único parlamentar ausente foi Clóvis Fecury (DEM-MA), que está de licença por “razões particulares”.
O site de VEJA selecionou frases que Demóstenes Torres disse em plenário desde o primeiro discurso feito da tribuna, em 18 de fevereiro de 2003:
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Em junho de 2004 sobre PT e máfia dos sanguessugas

"Esse pessoal age com falta total de escrúpulo e tem um senso de rapinagem que faz corar de vergonha bandidos da qualidade de um Fernando Beira-Mar."

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Ex-marido de mulher de Cachoeira deve assumir vaga de Demóstenes

Portal Terra
Com a cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), quem deve assumir a vaga no Senado é o empresário da construção civil Wilder Pedro de Morais (DEM), o primeiro-suplente. Engenheiro de 44 anos, Morais ocupa pela primeira vez um cargo público: desde 2011, é secretário de Infraestrutura do Estado de Goiás, função para o qual foi convidado pessoalmente pelo governador Marconi Perillo (PSDB). Morais é ex-marido da atual mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça.
Natural de Taquaral de Goiás, na região central do Estado, Wilder nasceu em uma família humilde de agricultores. Sua trajetória profissional, no entanto, o transformou em um empresário milionário. Seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral, quando concorreu nas eleições de 2010, era de R$ 14,4 milhões.
Após iniciar carreira na empresa Construsan, de Goiânia, onde ficou por 11 anos e chegou a diretor-presidente, Morais fundou em 1997, com dois amigos de faculdade, a primeira empresa do Grupo Orca Construtora, que atua hoje no Brasil e no exterior. A companhia constrói e aluga, por exemplo, lojas para hipermercados de redes como o Carrefour. Os negócios de Morais ainda abarcam diversificados empreendimentos, como mineração, incorporação de construtoras, participação na construção de shoppings, entre outros.
Respeitado e influente no meio empresarial, Wilder Morais foi convidado em 2009, por Demóstenes Torres, para ser seu suplente na campanha do ano seguinte. Aceitando o convite pela admiração que sentia pelo senador, o empresário começou a participar do processo eleitoral, de forma ativa: pediu votos, distribuiu folhetos e teria sido também um dos principais doadores da campanha.
De temperamento discreto, Morais teve sua vida pessoal divulgada recentemente por causa da prisão de Cachoeira. Conversas gravadas pela investigação da Polícia Federal mostram que sua então mulher começou o relacionamento com o contraventor enquanto ainda era casada. Andressa e Morais tiveram dois filhos.
Carlinhos Cachoeira 
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
Tags: cachoeira, câmara, carlinhos, cpmi, delegados, demóstenes, ética, política, senado

Por elo com Cachoeira, senador Demóstenes Torres é cassado

por Terra
Por elo com Cachoeira, senador Demóstenes Torres é cassado
O receio de que o voto secreto pudesse manter Demóstenes Torres (sem partido-GO) no cargo de senador da República não se concretizou. Por 56 votos favoráveis, o ex-democrata perdeu o mandato em uma sessão histórica nesta quarta-feira: foi o segundo político a ser cassado no Senado por quebra de decoro parlamentar. Os senadores entenderam que ele usou o mandato para favorecer os negócios do grupo criminoso comandando pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira e recebeu vantagens pelo serviço.
Até hoje, apenas o senador Luiz Estevão (PMDB-DF) havia sido cassado pelos seus colegas no Senado, no ano 2000, após acusações de desvio de dinheiro das obras do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo. O STJ condenou o empresário de Brasília a 36 anos de prisão pelo superfaturamento das obras. Estevão segue em liberdade enquanto à decisão couber recurso.
O processo contra Demóstenes, julgado nesta quarta-feira, é resultado das apurações do Conselho de Ética, que por três meses colheu provas e depoimentos embasados nas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, e decidiu por unanimidade pela cassação do senador. A representação contra ele, proposta pelo Psol, foi aceita após os membros da comissão entenderam que Demóstenes usou sua influência e poder para favorecer Cachoeira.
O parecer então foi encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça, a qual Demóstenes inclusive já presidiu, que considerou o pedido de cassação constitucional por avaliar que o parlamentar teve direito à defesa e que o processo obedeceu quesitos de legalidade e constitucionalidade. O político deve voltar agora ao cargo de procurador de Justiça, do qual se licenciou para entrar na vida pública há 11 anos.
Nos últimos dez dias, Demóstenes usou a tribuna para discursar jurando inocência e pedindo a seus pares que não o condenasse. Por repetidas vezes, ele negou, para uma plateia vazia, ter feito lobby para Cachoeira ou recebido dinheiro. A defesa dele também insistiu durante todo o processo que as escutas que flagraram as relações entre Demóstenes e o bicheiro Carlinhos Cachoeira são ilegais e teriam sido alteradas e editadas com a finalidade de atingir o senador.
Denúncias causam surpresa
Em seu segundo mandato como senador, o promotor de Justiça de carreira costumava ser uma das primeiras vozes da Casa a se levantar quando surgiam denúncias de irregularidades na imprensa.
A chegada de seu nome às manchetes de jornais acusado de usar seu mandato para beneficiar Cachoeira causou surpresa em colegas e o levou a denunciar uma campanha na mídia para atingi-lo. "O Senado vai escolher que futuro pretende, se de insegurança jurídica, em que qualquer de seus integrantes terá de ser eliminado para atender a sanha acusatória, ou um amanhã justo, respeitando-se os direitos dos representados, sem pressa", disse o parlamentar em seu último discurso no plenário da Casa antes da votação secreta que selou o seu futuro.
Visivelmente abatido e mais magro, o parlamentar goiano de 51 anos fez de tudo, nos últimos dias, para salvar o mandato e manter o foro privilegiado. Desde a semana passada, tem subido à tribuna para se defender e chegou a pedir perdão nominalmente a diversos senadores.
No entanto, ele não contava mais com o prestígio que tinha junto aos colegas até março, quando surgiram as primeiras denúncias. À época, Demóstenes subiu à tribuna para prestar esclarecimentos e recebeu apartes de senadores históricos, do governo, da oposição e independentes - casos de Eduardo Suplicy (PT-SP), Pedro Simon (PMDB-RS) e Alvaro Dias (PSDB-PR).
Até a petista Marta Suplicy, vice-presidente do Senado, reconheceu que as denúncias contra o parlamentar foram uma "surpresa gigantesca". "Tantas vezes ficamos impressionados com sua capacidade, com seu brilhantismo como opositor e com sua defesa da ética e da correção no lidar com as coisas públicas", afirmou a senadora, durante sessão recente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Demóstenes foi um dos mais atuantes políticos da oposição. Encabeçou uma campanha por uma CPI para investigar denúncias contra o governo e também foi relator na Comissão de Constituição (CCJ) da Lei da Ficha Limpa.
Escutas da Polícia Federal sugerem que Demóstenes teria viajado em um avião pago por Cachoeira, e que utilizava um aparelho de rádio e telefone fornecido pelo empresário. Em depoimento ao Conselho de Ética, Demóstenes negou envolvimento com jogos ilegais, mas assumiu ter uma "relação de amizade" com Cachoeira, que está preso desde o início do ano acusado de comandar uma rede de jogos ilegais.
O senador, que já foi procurador-geral de Justiça de Goiás, presidente do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais de Justiça e secretário de Segurança Pública de seu Estado disse ter aceitado o telefone por "comodidade".
Eleito senador pelo DEM em 2002, o senador, natural de Anicuns, deixou o partido neste ano após a legenda decidir abrir processo de expulsão contra ele por conta das denúncias. Na época, Demóstenes disse ter sido pré-julgado pelo partido.

Ex senador do DEM Demóstenes Torres é o segundo senador cassado na história; entenda o caso

Demóstenes Torres é o segundo senador cassado na história; entenda o caso
"Senador Demóstenes Torres (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)"
Quatro meses após a eclosão das denúncias de corrupção contra o empresário Carlinhos Cachoeira, Demóstenes Torres (sem partido-GO) tornou-se nesta quarta-feira o segundo senador a ser cassado na história e o primeiro congressista a cair por envolvimento com o caso.
Expulso do DEM após ser acusado de interceder por Cachoeira, Demóstenes foi cassado por 56 votos a favor e 19 contra, com cinco abstenções. Demóstenes ficará inelegível até 2023, conforme determina a Lei da Ficha Limpa.
O primeiro senador a ser cassado foi Luiz Estevão, que em 2000 deixou o posto em meio ao escândalo do superfaturamento das obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
A BBC Brasil preparou uma série de perguntas e respostas sobre as acusações contra Demóstenes e desdobramentos da investigação sobre Cachoeira, empresário acusado de exploração de jogos de azar ilegais.
Quais são as acusações contra o senador?
Demóstenes é acusado de agir no Congresso, no Judiciário e no Executivo em favor do empresário Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar um esquema de corrupção e de exploração de jogos ilegais.
Em troca, segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), o senador recebeu R$ 3,1 milhões do grupo do empresário, além de presentes. Demóstenes também é acusado de ter mentido ao Senado quando negou conhecer as atividades ilícitas de Cachoeira.
A PGR pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para investigar a ação do senador, mas o órgão ainda não decidiu sobre o pedido.
Como o envolvimento entre Demóstenes e Cachoeira veio à tona?
Em fevereiro, Cachoeira foi preso pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, cujo alvo era a exploração de máquinas caça-níqueis em Goiás. Escutas feitas durante a investigação e divulgadas após a prisão revelaram a proximidade entre Cachoeira e Demóstenes Torres.
As gravações também mostraram ligações do empresário com os governos de Goiás e do Distrito Federal. Como consequência, a PGR pediu ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) a abertura de inquéritos para investigar os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF). O órgão ainda não decidiu sobre o pedido.
Os dois governadores, que negam irregularidades, depuseram na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada em abril para investigar a atuação de Cachoeira.
O que Demóstenes diz sobre as denúncias?
O senador diz que não beneficiou Cachoeira e que não recebeu dinheiro dele. Demóstenes afirma que a Polícia Federal fez uma 'divulgação seletiva' das gravações de suas conversas com o empresário, de modo a comprometê-lo.
Além disso, segundo ele, as gravações não podem ser usadas contra ele por terem sido feitas sem autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele diz que a autorização era necessária, já que, por ser senador, tem direito a foro privilegiado.
Ao avaliar demanda do senador, no entanto, o STF decidiu que as escutas foram legais.
A Operação Monte Carlo teve outros desdobramentos?
Sim. A PF estendeu a investigação à ligação de Cachoeira com a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal desde 2009. Cachoeira é acusado de ter feito lobby para que a Delta ganhasse contratos públicos de forma irregular.
No fim de abril, o ex-diretor da Delta, Cláudio Abreu, foi preso sob acusação de pagar propina para que a empresa vencesse licitação no Distrito Federal. Também foi decretada a prisão do ex-diretor da empresa em São Paulo, Heraldo Puccini Neto. Ele está foragido.
Em meio às denúncias, o presidente da Delta, Fernando Cavendish, renunciou ao cargo. Já a empresa foi declarada inidônea pela Controladoria Geral da União (CGU).
Cavendish é amigo do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). A oposição tem insistido para que Cabral também seja convocado à CPI e investigado pela Procuradoria Geral da República, mas por ora os pleitos não avançaram.
Há outros congressistas envolvidos nas investigações sobre Cachoeira?
Sim. Atendendo a pedido da Procuradoria Geral da República, o STF autorizou a abertura de inquéritos contra os deputados federais Carlos Leréia (PSDB-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ). Os três são citados nas investigações da PF por envolvimento com Cachoeira.
Os deputados federais Protógenes Queiroz (PC do B-SP) e Rubens Otoni (PT-GO) também foram mencionados nas investigações.
Otoni, Leréia e Sandes Júnior terão seus casos analisados pela Corregedoria da Câmara, que pode recomendar a perda de seus mandatos. Não há prazo para análise dos casos de Queiroz e Nercessian. Todos os deputados negam irregularidades.
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CPI decide por cassação de Demóstenes Torres

Foto: Reprodução de TVDemóstenes Torres prestou depoimento nesta quarta-feira para integrantes da CPI que investiga a relação do contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos e executivos. A sessão foi encerrada por volta das 13h20, tendo 56 votos a favor da cassação, 19 contra e cinco abstenções.
O depoimento começou por volta de 12h40, onde Demóstenes declarou estar sendo perseguido e acusado de cinco fatos, os quais está tentando se defender.
"Eu jamais menti aqui. Eu tenho a conduta parlamentar impecável. Os senhores são atestado disso. Quantas vezes eu procurei um senador, um ministro, para pedir qualquer favor para Carlos Cachoeira ou qualquer outro?", declarou Demóstenes
O senador afirmou ainda que seu maior advogado não é Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, mas sim o seu rádio , que tem mais de 200 mil horas de gravação, onde segundo ele, não aparece em nenhum momento pedindo propina.
"Não posso ser julgado para dar exemplo […] nesse período que vivi, eu fui perseguido como um cão sarnento, mandaram jornalistas atrás de mim para todos os lugares do país, fui investigado como ninguém, e não apareceu nada", afirmou o senador.
Demóstenes falou ainda de reportagens onde é citado, segundo ele, de forma indevida e afirma que a imprensa deve "desculpas".
"Eu fui braço político das crianças, pois todas as leis de pedofilia tem um dedo meu. Fui braço político do idoso, pois relatei com muita dignidade o estatuto do idoso e fui braço dos pobres, pois todas as bolsas que são distribuídas hoje tem um dedo meu", declarou Demóstenes.
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